A Virgem do Poço
Havia no Japão Feudal do século XVII uma bela jovem de nome
Okiko. Essa jovem era serva de um Grande Senhor de Terras e Exércitos, seu nome
era Oyama Tessan. Okiko que era de uma família humilde, sofria assédios diários
de seu Mestre, mas sempre conseguia se manter longe de seus braços. Cansado de
tantas recusas, Tessan arquitetou um plano sórdido para que Okiko se entregasse
à ele. Certo dia, Tessan entregou aos cuidados de Okiko uma sacola com 9 moedas
de ouro holandesas -mas dizendo que havia 10 moedas- para que as
guardasse por um tempo. Passado alguns dias, Tessan pediu
que a jovem devolvesse as "10" moedas. A donzela, ao constatar que só
havia 9 moedas, ficou desesperada e contou as moedas várias vezes para ver se
não havia algum engano. Tessan se mostrou furioso com o "sumiço" de
uma de suas moedas, mas disse que se ela o aceitasse como marido, o erro seria
esquecido. Okiko pensou a respeito e decidiu que seria melhor morrer do que
casar com seu Mestre. Tessan furioso com tal repúdio, agarrou a jovem e a jogou
no poço de seu propriedade. Okiko morreu na hora.
Depois do ocorrido, todas as noites, o espectro de Okiko
aparecia no poço com ar de tristeza, pegava a sacola de moedas e as contava...
quando chegava até a nona moeda, o espectro suspirava e desaparecia. Tessan
assistia aquela melancólica cena todas as noites, e torturado pelo remorso,
pediu ajuda à um amigo para dar um fim àquela maldição.
Na noite seguinte, escondido entre os arbustos perto do
poço, o amigo de Tessan esperou a jovem aparecer para dar fim ao sofrimento de
sua alma. Quando o fantasma contou as moedas até o 9, o rapaz escondido gritou:
...10!!! O fantasma deu um suspiro de alívio e nunca mais apareceu.
Essa Lenda do século XVIII, é uma das mais famosas do
folclore japonês.
O Melhor Amigo do Homem
No interior de Minas contam uma história de um sujeito que
perdeu-se em uma mata. ficou vagando por dias, sem água ou comida. Todo
maltrapilho e à beira da morte viu de longe em uma clareira um cão que latia
para ele. Por um momento pensou que fosse uma alucinação causada pelo seu
estado debilitado. Chegando mais perto, pode ver que se tratava de um cão de
verdade que se afastava a passos lentos cada vez que o sujeito se aproximava.
Pensou então com ele: "Se há um cachorro aqui, devo
estar perto de alguma habitação. Alguém deve morar por perto. Vou
segui-lo."
Andou na direção do animal, que se afastava como que
mostrando um caminho para o homem. Após alguns horas o sujeito pode ver uma
pequena casinha mal construída, feita de barro e palha, onde um casal sentado à
porta, conversava sobre amenidades.
Feliz e desesperado, o homem correu na direção dos dois
moradores, sentindo-se salvo.
Assustados, os dois receberam o homem tentando entender o
que havia se passado. Depois de beber um pouco d'água e se recuperar, o sujeito
contou a história, falando do cachorro que o havia guiado pela mata até o local
onde estava agora.
Entreolhando-se, os dois moradores desconfiaram da história,
dizendo que não havia nenhum cachorro pelas redondezas. Ele, então, se propôs a
levar os dois céticos ao local onde havia visto o cachorro pela primeira vez.
Ao chegar lá, nada viram a não ser uma cruz sobre uma cova
rasa, que o morador informou tratar-se do túmulo do filho, que havia sido
assassinado por uma matilha de lobos.
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